Somos um país subdesenvolvido. E este fato pode ser constatado ao observarmos que 48% da população não tem acesso a rede de esgoto, ou mesmo 35 milhões de brasileiros (quase 15% da nossa população), não tem acesso à água tratada (SNIS,2017). É uma situação lamentável, porém ao pensarmos em como reverte-la, precisamos pensar em um plano de longo prazo onde as universidades possuem uma atuação fundamental.
Ensino, pesquisa e extensão, estes são os 3 principais pilares das universidades, que ao serem integrados possuem um potencial transformador imensurável.

Vamos inverter um pouco as informações e iniciar pela Extensão, que consiste no estabelecimento de uma relação entre a universidade e sociedade. Nesta questão é notável a presença de projetos principalmente associados à saúde, que disponibilizam para a população atendimentos gratuitos nas áreas de fisioterapia, odontologia, fonoaudiologia, entre as outras. Com o desenvolvimento destes projetos de extensão, os estudantes ganham experiência ao mesmo tempo que contribuem com a redução de problemas sociais, sendo em muitos casos atividades obrigatórias dentro do programa de formação.
É muito provável que todas as áreas de formação apresentem projetos de extensão, porém como é que estes projetos estão agregando valor a população como no caso da área de saúde? Como um Instituto de Biologia, Engenharia, Filosofia, Artes e todos os demais podem trazer benefícios direto para a sociedade?
Então temos, de um lado a demanda social por melhorias e serviços, e do outro a concentração do capital intelectual. Precisamos de iniciativas que estimulem estas outras escolas à atuarem aplicando as suas respectivas competências na melhoria da qualidade de vida local. Partindo de soluções e tecnologias já estabelecidas para a solução de necessidades existentes e mapeando as demandas com o intuito de desenvolver pesquisas aplicadas.
Uma vez que a universidade se aproxima das comunidades, terá acesso a demandas de fácil resolução cuja tecnologia já estão disponíveis. E o contato com a comunidade permite a realização de um mapeamento de necessidades que ainda não temos soluções com viabilidade técnica e econômica, entrando ai a estrutura de Pesquisa e Desenvolvimento.
Munida das informações de demandas e requisitos, a estrutura de pesquisa aplicada tem o papel de utilizar toda a informação disponível no estado da arte e da técnica, para o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos, amplificando ainda mais o retorno para a sociedade através destes novos produtos e serviços, e assim ratificando a importância da universidade no desenvolvimento sócio-econômico do país.
Mas e o ensino?
A capacitação não é fim, é meio para algo. Para a execução dos projetos de pesquisa e extensão é necessária mão de obra qualificada, e ao invertermos a ordem, passamos a incentivar que as atividades de ensino sejam baseadas em princípios de aplicação, onde os conhecimentos teóricos passam a ser ensinados com um propósito de ser transformado em valor.

Desta forma, além de incentivar os estudantes a desenvolver projetos junto a comunidade, reconhecer as demandas e em seguida utilizar a estrutura da universidade para propor soluções, ensinamos o potencial transformador do conhecimento na sua realidade e a das pessoas à sua volta.
Desta forma, conseguimos:
1 - Retribuir o investimento feito pelas sociedades nas universidades através dos projetos de extensão;
2 - Realizar pesquisas aplicadas com o desenvolvimento de inovação através de produtos e serviços com demanda existente;
3 - Capacitar os profissionais de modo à entender o porque e como o conhecimento da sua área de atuação pode ser aplicado para a geração de valor.
Se é a melhor opção, provavelmente não. Com certeza devem existir alternativas mais interessantes, porém o diálogo sobre o assunto é importante, podendo ser um ponto de partida ou continuação de iniciativas já em andamento.
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